Notícias veiculadas hoje, dia 13 de Setembro, anunciam, nas grandes paragonas de sempre, a chegada de mais uns milhões. Desta vez vindos da Holanda. A forma como notícias similares são passadas na comunicação social, e em particular na rádio e televisão, fica-se com a forte sensação que o grande objectivo desta país é conseguir ajudas. De facto, nota-se que entre a múltiplas indoutrinações que as autoridades e a a comunicação social sujeitam o público em Cabo Verde, é na adoração da ajuda que se pôe mais empenho. E não interessa que tipo de ajuda: se é dinheiro, lápis, bolas, camisolas. Mas há uma razão para isso. Com a ajuda assegura-se a continuidade do papel central do Estado na economia e nas relações de poder na sociedade. Para que assim seja, o que interessa é que, globalmente, a sociedade se veja divida em doadores, na maior parte dos casos simples intermediários dos verdadeiros doadores, e recipientes. Os falsos doadores, políticos, políticos disfarçados de representantes comunitários, políticos disfarçados de jovens, ou políticos disfarçados de membros da sociedade civil, querem gratidão dos recipientes expressa de forma oportunamente a determinar. O papel dos recipientes é sorrir para televisão , falar de sonhos realizados e agradecer as dádivas com que foram contemplados. Relações de poder e passividade social e psicológica são, por esta via, induzidas permanentemente na sociedade e reproduzidas em todas essas cerimónias de entrega que, ritualmente, assistimos na televisão. Cerimónias degradantes e inimigas da postura certa de dignidade que deve estar na base de qualquer esforço de desenvolvimento do país e de prosperidade para todos.
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