No domingo dia 20 de fevereiro o presidente Pedro Pires encontrou-se mais uma vez com o presidente da Guiné equatorial Nguema Mbasongo na ilha do Sal. O encontro, acompanhado de perto pela comunicação social estatal, mostrou o PR a protagonizar mais uma investida diplomática junto a esse país africano internacionalmente tratado como um pária. Nas palavras do PR a insistência nas relações com a Guiné Equatorial justifica-se com as potencialidades desse país e do que pode oferecer aos caboverdianos em termos de emprego, de investimento e de oportunidades de negócio. Uma linha similar de raciocínio foi seguida na aproximação feita à Líbia de Khadaffi que o levou varias vezes a Tripoli nos últimos dois anos. Os resultados não se viram e dificilmente os acordos eventualmente feitos irão concretizar-se agora que o regime autocrático vê-se ameaçado pela sublevação popular. Khadaffi está por um fio. O Nguema Mbasongo já está a tomar medidas severas de calar a imprensa nacional para não sofrer contágio do que se passa nos países do Maghreb e no Médio Oriente. Tem razões para se preocupar. O nível de corrupção e os abusos dos direitos humanos na Guiné Equatorial têm merecido repúdio geral. No ano passado a Unesco recusou-se a instituir um prémio internacional com o nome do presidente. E a CPLP não respondeu positivamente ao pedido de integração na comunidade linguística apesar da posição favorável de Cabo Verde expressa por Pedro Pires. Por tudo isso causa estranheza a visibilidade dada ao encontro do Sal dos dois presidentes na actual conjuntura de “caça” aberta a déspotas por todo mundo. Não parece que seja uma boa imagem para Cabo Verde. A condução da política externa pertence exclusivamente ao governo mas por razões não muito claras o Presidente da República envereda-se por um certo de protagonismo que aparentemente não se ajustam ao papel de simples representação externa da república que a Constituição lhe atribui. E os ganhos para o país não são visíveis como testemunham os casos citados. O envolvimento do PR na mediação do conflito da Costa de Marfim não beneficiou ninguém. Nem tão pouco faz algum favor ao país passar-se a ideia de que Cabo Verde esforça-se por associar-se a regimes como os da Líbia, da Venezuela, da Guiné Equatorial e de outros regimes autocráticos africanos. Actos do governo na condução da política interna e externa são sujeitos aos mecanismos de fiscalização política do parlamento nos termos da constituição. Se o governo se deixa ser secundarizado em certas iniciativas externas, é de se perguntar quais os motivos para isso e quem deve prestar contas dos fiascos já verificados. Solidariedades antigas construídas essencialmente para justificar mutuamente a imposição de regimes autocráticos aos respectivos povos não devem ser repetidas na nova era da democracia. Insistir nelas simplesmente sinaliza que os apetites de total controlo ainda continuam. Pior ainda, pode-se ficar a um passo de ver essas "solidariedades" transformadas em interferências externas particularmente no processo eleitoral para ajudar na vitória de governos "amigos". E isso é inadmissível. Por tudo isso accountability completa também é necessária nas relações externas.
1 comentário:
Plenamente de acordo, e foi alias por esta razao que deixei o comentario que se segue no blogue do Edy, que acho produziu um post para contrariar as ideias defendidas aqui por Humberto:
AI é?! Com que entao nao ha valores e principios? Nao ha educaçao também? Talvez seja por isso, que o dono desta lojeca passou a colocar a sua foto de fato e gravata mas com as maos nos bolsos. Tipicamente de pessoas sem educaçao, incivilizadas...
Um ocidental educado e civilizado nao veste fato e gravata de maos nos bolsos; é uma falta de educaçao, é ser malcriado. Isto aé um PRINCIPIO de educaçao de base; nao se mete as maos nos bolsos em publico; que faz assim é mal educado e mesmo numa terra de famintos, os nossos velhos sempre veicularam este PRINCIPIO de educaçao de base.
Portanto, alguém que nao conhece este simples aspecto duma educaçao civilizada, so pode defender descaradamente DITADURAS e incriminar valores e principios. Nesta ordem de ideias, porque nao ha valores e principios, qualquer caboverdiano é autorizado a escarrar as pessoas na cara em plena rua, ir a um banco da esquina e começar a disparar contra os empregados para sacar o dinheiro, cagar em plena Praça Alexandre Albuquerque, enfim, espatifar PRINCIPIOS e VALORES.
Nao é novidade nenhuma que os dirigentes cabnoverdianos têm tido uma pratica de PROSTITUTAS sem escrupulos indo para a cama com ditadores assassinos como Kadafi, que estava para abrir BANCOS em Cabo VERDE, com a conivência do Chefe de Estado Pedro Pires e de um antigo Primeiro Ministro Gualberto.
Tudo porque nao ha PRINCIPIOS e VALORES, tudo porque os pobres dos caboverdianos que nao trabalham, que nao produzem rigorosamente nada, precisam de comer para nao morrerem de fome. Rectifico aqui para dizer que esses caboverdianos nao é o coitado do povo, mas a elite, como o dono desta loja que acha normal que Cabo Verde seja ajudado por DITADORES que matam as suas populaçoes ou roubam os seus povos de maneira descarada. Nao ha problema, porque Cabo Verde nao tem PRINCIPIOS, nao tem VALORES. Cabo Verde é uma terra de dirigentes BANDIDOS sem principios e valores que fazem negocios com DITADORES como José Eduardo dos Santos, Kadafi, Gbagbo, que também nao têm principios e valores.
Para o dono da mercearia isto é normal e pelo caminho vai confundindo interesses com roubalheira e ditaduras. Estamos bem. Este é um dos jovens formados que querem ser dirigentes e que claro adoptarao como PRINCIPIO e VALOR, o roubo, a corrupçao, a ma-educaçao, porque os outros sao uns MORALISTAS!....
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