Comemorou-se, no passado 8 de Março, o Dia Internacional das Mulheres. Neste ano de 2011, a celebração desse dia tem um sabor especial. Completam-se cem anos que em Viena de Áustria se instituiu este dia para relembrar a todos a necessidade de continuar a luta pelos direitos plenos das mulheres. Em 1977 a Assembleia Geral das Nações Unidas consagrou a data e hoje é festejada em todos os países.
O dia 8 de Março celebra as realizações e sucessos das mulheres nos domínios político, económico e social no passado, no presente e no futuro. Em 1911 as reivindicações das mulheres eram o direito ao voto, o direito a ter formação e não ser discriminadas. Cem anos se passaram e os ganhos das mulheres têm sido extraordinários.
Ao nível político, o direito ao voto é quase universalmente reconhecido e cada vez mais mulheres ocupam cargos de Chefes de Estado, Chefes de governo, ministros e parlamentares. Ao nível económico verificaram-se grandes avanços com o acesso generalizado ao ensino. Abriram-se-lhes as portas nos diferentes sectores da economia e posições cimeiras nas maiores empresas do mundo já são ocupadas por mulheres. Ao nível social e da família a percepção cada vez mais generalizada que o homem e a mulher gozam dos mesmos direitos tem revolucionado o papel entre os sexos e permitido que as mulheres conciliem de forma mais gratificante a vida familiar com a carreira. A disponibilidade de anticonceptivos efectivos deu às mulheres um maior controlo sobre a sua vida sexual e tornou a maternidade um acto de vontade própria e por isso de maior alegria e realização pessoal.
Infelizmente os ganhos das mulheres não são universalmente uniformes. Em muitos países as mulheres são discriminadas, humilhadas e violadas nos seus direitos e na sua integridade física. Na praça de Tahrir, na cidade do Cairo, viu-se a presença forte das mulheres na luta pela liberdade. E foi encorajador e certamente que inspirou em muitas outras mulheres por todo o mundo a enfrentar as forças que ainda as aprisionam e as ofendem na sua dignidade. A violação de uma jornalista da televisão americana CBS nessa mesma praça mostra que a possibilidade de abuso e de regresso a formas de humilhação existe e há que manter uma vigilância e uma pressão permanente para controlar comportamentos desviantes.
Neste dia 8 de Março a nossa solidariedade deve ser dirigida para todas as mulheres que ainda sofrem por razões do seu género, em particular para as que nas zonas de guerra são vítimas de violações brutais, e para as que em todos os continentes são reduzidas à escravidão e lançadas na prostituição.
Em Cabo Verde avanços extraordinários foram já feitos na defesa dos direitos das mulheres e na criação das condições para a uma vida plena a todos os níveis. O advento da democracia traduziu-se num salto qualitativo na participação das mulheres designadamente ao nível político e empresarial. As potencialidades de milhares de jovens meninas e mulheres foram desenvolvidas com generalização do ensino secundário para todos os pontos do país e o acesso cada vez maior ao ensino universitário. O país em todos os domínios já sente a contribuição substancialmente significativa propiciada pelas mulheres que no governo, no parlamento, na magistratura, nas empresas, nas escolas, nos hospitais nas fábricas, nos serviços se destacam pela sua capacidade de trabalho, inteligência e sensibilidade.
Muito ainda por fazer para soltar todo o potencial existente nas cabo-verdianas que o seu quotidiano de pobreza, de falta de oportunidades e de pressão familiar não deixa florescer. Como todas as mulheres do mundo, a luta da mulher cabo-verdiana por uma vida plena, digna e gratificante a todos os níveis deve continuar.
Editorial do Jornal "Expresso das Ilhas" de 8 de Março de 2011