sábado, fevereiro 06, 2016

Oportunidades e Sistema de Preferências

A União Europeia renovou mais uma vez a possibilidade de Cabo Verde exportar para o seu mercado com tarifas mais baixas, no quadro do Sistema de Preferências Generalizadas Mais. O objectivo é de, fazendo os produtos de exportação de Cabo Verde pagar menos, torná-los competitivos com produtos similares de outros países. Porque se tem de renovar, vê-se que não é eterno. No entrementes, quem ajuda espera que o país assim ajudado aproveite a oportunidade para arrumar a casa, ou seja para criar capacidade, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade. As exportações de produtos de pesca têm beneficiado grandemente deste sistema de preferências. Mas, porque se tem ficado muito aquém do desejado em termos de capacidade de captura do pescado, a União Europeia tem garantido a Cabo Verde uma derrogação quanto à origem do peixe que depois é processado nas fábricas e enviado para a União Europeia. Também não é algo que irá eternizar-se. Impõe-se portanto que o governo vá além do regozijo com essas renovações e aja estrategicamente para que Cabo Verde se torne realmente competitivo, desenvolva a sua capacidade de captura e não fique dependente da competitividade preferencial que é sempre conjuntural. O sistema de preferências, que isenta tudo menos armas, existe desde 1971. Muitos países, entre os quais as Maurícias, desenvolveram as suas indústrias e fizeram o seu povo prosperar explorando o sistema. Infelizmente,  enquanto isso acontecia, Cabo Verde com as fábricas de Morabeza e Socal, entre outras, estava apanhado nas políticas de substituição de importações do regime de partido único e deixou perder todas as oportunidades que então se ofereciam. Nos anos noventa fez-se um esforço de industrialização para exportação e várias fábricas surgiram em particular em S. Vicente com a criação de milhares de postos de trabalho mas o ímpeto inicial morreu rapidamente nos primeiros anos do governo do PAICV pós 2001. Mais uma vez razões ideológicas. Para que não se repita o mesmo há que pressionar para que Cabo Verde deixe de ser o país das oportunidades perdidas. 

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