O conselheiro de Segurança Nacional em entrevista ao jornal
asemana disse que temos que encarar como natural o fenómeno do aumento da
população muçulmana em Cabo Verde resultar do crescimento da conversão de cabo-verdianos
a essa religião. De facto a conversão ao islamismo seria natural e seria visto
como uma decisão pessoal em matéria de fé religiosa se não houvesse outros
interesses. Em muitos países designadamente no Senegal e noutros países
vizinhos da costa ocidental detecta-se uma acção deliberada de islamização
alimentada por dinheiro da Arábia Saudita. Aproveitando-se da situação de
pobreza, constroem-se redes sociais de suporte às pessoas que depois são
islamizadas dentro de uma doutrina ultra -conservadora chamada wahhabismo. Para
muitos analistas internacionais esta ofensiva do islamismo conservador está
ligada ao desenvolvimento de movimentos jihadistas que nas condições certas
podem tornar-se em viveiros de terroristas. Assim como muitos governos não
tomam de ânimo leve certas movimentações dentro das suas fronteiras,
particularmente depois de terem assistido à radicalização de gente insuspeita,
também Cabo Verde deve cuidar para que as dificuldades vividas pela sua gente
não sejam aproveitadas para propósitos obscuros. Infelizmente o hábito de
receber ajuda em troca de favores políticos está bem implantado no país o que
torna mais difícil conseguir o repúdio das comunidades contra tais práticas quando
aparecem de outras fontes. E não é certamente pelo esforço de integração da
comunidade muçulmana no país que se vai eliminar eventuais ameaças. Países como
a França e o Reino Unido, com diferentes estratégias de integração, não
conseguiram evitar que processos de radicalização contaminassem um número
significativo de jovens. Mesmo países africanos com vasta população muçulmana
como o Senegal estão a ter problemas similares como provam os últimos
acontecimentos. Não podemos pensar que estamos isentos disso e que os
potenciais radicais são facilmente identificáveis porque “são pessoas sem laços”.
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