domingo, fevereiro 07, 2016
Terrorismo
A
ameaça terrorista na África Ocidental é cada vez mais real e está a
aproximar-se da costa. Durante algum tempo quase que confinada ao Mali, surgiu há
semanas atrás no Ouagadougou, Burkina Faso, matando mais de uma centena de
pessoas e já dá sinais de presença em Dakar e Abidjan. A polícia senegalesa, na
semana passada, prendeu mais de 900 pessoas entre as quais pregadores do
islamismo radical e tomou medidas de segurança apertadas nos hotéis, pontos
turísticos e lugares de entretenimento. Em Abidjan também a polícia aumentou o
seu nível de alerta em antecipação de ataques. Em Cabo Verde, a sensação que se
tem é que estamos basicamente “nas mãos de Deus”. O Chefe de Estado Maior das
Forças Armadas , em declarações à imprensa, disse que depois da visita à ilha
do Sal ficou a sensação de que os hotéis
são pouco protegidos. Acrescentou ainda que Cabo Verde tem “fronteiras permissivas” e que “há baías e muitas ilhas onde se pode fazer
desembarques”. O problema é que há muito que se conhecem essas
vulnerabilidades, mas não se vê acção consequente. Conta-se muito com a
cooperação internacional mas sem uma adequada estruturação das forças de defesa
e segurança e sem ultrapassar os constrangimentos que limitam a coordenação
entre elas não se consegue fazer o melhor uso da ajuda externa e responder
efectivamente às ameaças que se colocam ao país. Atitudes similares de falta de
consequência numa área por sinal conexa, que é a de busca e salvamento, deixaram
o país completamente exposto no caso do afundamento do navio Vicente, que aliás
era um desastre que há muito se vinha anunciando nos acidentes que o
antecederam. Medidas sérias e urgentes têm que ser tomadas para que se continue
a vender o país como um paraíso tropical no meio do Atlântico. Nas ilhas não se
espera encontrar o que no continente é muitas vezes inevitável. Ilhas podem ser
defendidas de forma mais efectiva de doenças, epidemias, crimes e terrorismo.
Há que agir decisivamente para que assim seja. O bem-estar e a prosperidade das
nossas gentes dependem disso.
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