quinta-feira, fevereiro 25, 2016

Photo ops

Desde 13 de Fevereiro que o Primeiro-ministro está fora do país. Primeiro para uma digressão pela Europa e logo a seguir por São Tomé e Príncipe, onde deve ficar até o dia 24. O pretexto para ir à Europa foi apresentar o Afroverde, um fundo criado para captar financiamentos para projectos nas ilhas do Norte do país. Boa parte da viagem porém foi usada em encontros com as comunidades cabo-verdianas em Luxemburgo, França e Portugal. O que mais desperta a atenção porém são as múltiplas oportunidades de fotos com entidades e personalidades estrangeiras que foram criadas ao longo de toda a viagem. O Facebook do PM a abarrotar de fotos da viagem está lá para comprovar. Até parece que o principal móbil da viagem foi essa. Aqui no país os ouvintes da rádio e os telespectadores foram servidos também com um prato forte de notícias, reportagens e entrevistas ao longo de todo o périplo do PM pela Europa. A impressão forte que se fica da viagem do PM, e de toda a agitação por ela provocada nos media e nas redes sociais, é que se trata de uma forte acção de campanha eleitoral em sintonia com a pré-campanha que o PAICV faz pelas ilhas. De facto, é como se o partido fizesse campanha em duas frentes: uma comandada pela nova líder e outra dirigida pelo ex-líder, mas que é ainda Primeiro-ministro. Uma financiada com os recursos do partido e outra com os recursos do Estado. Uma dirigida para mostrar as vantagens nas opções do partido e outra para, mais uma vez, relembrar aos cabo-verdianos a impossibilidade de viver sem ajuda externa e também quem são os únicos capazes de gerir impossibilidades neste país. Ninguém põe em causa que o governo deve poder governar até ao fim do seu mandato. Mas governar não é fazer campanha como se viu ao longo de todo o ano de 2015 desde que o PAICV mudou de liderança e o primeiro-ministro deixou de ter a direcção política efectiva do governo. Nem tão pouco governar é incluir essas visitas políticas às comunidades nas deslocações ao exterior. Como justificar a viagem a São Tomé e Príncipe neste preciso momento senão por razões eleitoralistas, talvez numa tentativa de arrebatar dois deputados no círculo de  África. O PM de São Tomé já tinha visitado Cabo Verde em Dezembro. O JMN passou por lá em Novembro e várias delegações de ministros circularam entre os dois arquipélagos. Que matéria urgente justificaria uma outra visita de Estado?

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