A União Europeia renovou mais uma vez a possibilidade de
Cabo Verde exportar para o seu mercado com tarifas mais baixas, no quadro do Sistema
de Preferências Generalizadas Mais. O objectivo é de, fazendo os produtos de
exportação de Cabo Verde pagar menos, torná-los competitivos com produtos
similares de outros países. Porque se tem de renovar, vê-se que não é eterno.
No entrementes, quem ajuda espera que o país assim ajudado aproveite a
oportunidade para arrumar a casa, ou seja para criar capacidade, aumentar a
produtividade, melhorar a qualidade. As exportações de produtos de pesca têm
beneficiado grandemente deste sistema de preferências. Mas, porque se tem
ficado muito aquém do desejado em termos de capacidade de captura do pescado, a
União Europeia tem garantido a Cabo Verde uma derrogação quanto à origem do
peixe que depois é processado nas fábricas e enviado para a União Europeia.
Também não é algo que irá eternizar-se. Impõe-se portanto que o governo vá além
do regozijo com essas renovações e aja estrategicamente para que Cabo Verde se
torne realmente competitivo, desenvolva a sua capacidade de captura e não fique
dependente da competitividade preferencial que é sempre conjuntural. O sistema de
preferências, que isenta tudo menos armas, existe desde 1971. Muitos países,
entre os quais as Maurícias, desenvolveram as suas indústrias e fizeram o seu
povo prosperar explorando o sistema. Infelizmente, enquanto isso acontecia, Cabo Verde com as
fábricas de Morabeza e Socal, entre outras, estava apanhado nas políticas de
substituição de importações do regime de partido único e deixou perder todas as
oportunidades que então se ofereciam. Nos anos noventa fez-se um esforço de
industrialização para exportação e várias fábricas surgiram em particular em S.
Vicente com a criação de milhares de postos de trabalho mas o ímpeto inicial
morreu rapidamente nos primeiros anos do governo do PAICV pós 2001. Mais uma
vez razões ideológicas. Para que não se repita o mesmo há que pressionar para que
Cabo Verde deixe de ser o país das oportunidades perdidas.
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