“Quem está dizer que o ensino em cabo verde não tem qualidade está a ofender a classe docente!” disse peremptoriamente na televisão nacional o Primeiro-ministro José Maria Neves, a partir de S. Filipe, ilha do Fogo. Com essa acusação, o PM acha que responde às preocupações das pessoas, famílias, empresas e dos próprios professores quanto ao nível educacional das crianças, jovens e trabalhadores que todos vêem a cair ano após ano. Recorrendo a esse estratagema, o PM, e o ministro da Educação que o secundou nessa acusação estão a dizer várias coisas aos seus interlocutores e à Nação: ou não reconheçam o problema, ou não sabem lidar com ele ou então não têm que se justificar perante ninguém. O contra ataque desferido é uma espécie de fuga à responsabilidade e manifestação de vontade em manipular sentimentos de auto estima de outrem (a classe de professores) em proveito próprio. A qualidade de ensino é uma preocupação não só em Cabo Verde como em todo o mundo. O sucesso no estádio de desenvolvimento em que Cabo Verde e muitos outros países se encontram exige maior eficiência no mercado, no sistema financeiros e no uso das infra-estruturas e dos recursos humanos. E isso só é possível com maior qualidade de ensino. A necessidade de maior qualidade far-se-á sentir ainda mais no estádio seguinte de desenvolvimento no qual o motor é a inovação. E não se pode preparar para isso amanhã. Tem que ser é “ontem”. Por isso é que o PM, a persistir nesse tipo de discurso político, está a desqualificar-se para continuar a governar. Não vê o futuro do país. Só vê o amanhã da vitória nas eleições. E com essa perspectiva estreita, mostra-se disposto a usar todo o tipo de estratagema para fazer da governação um acto de ilusionismo do qual as pessoas só irão despertar após as eleições. Qualquer dia ainda se vai ouvir que uma chamada de atenção deixada nas caixas de reclamações das repartições públicas constitui uma ofensa a todos os funcionários que aí trabalham.
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