No discurso de cumprimentos ao PR o Primeiro Ministro foi igual a si próprio.Assim como há dias foi no debate dos líderes dos partidos onde as suas intervenções foram pontuadas por insultos e promessas de fazer "mais do mesmo". Retomou as inverdades históricas que tem repetido durante os seus anos de mandato em tom histriónico de acusação ao MpD e à governação nos anos noventa. Mostrou que ainda tem necessidade de justificar os seus fracassos e promessas não cumpridas indo desenterrar o adversário de dez anos atrás. É uma falta de sentido de responsabilidade impensável em qualquer democracia. Mas que em Cabo Verde ganha aparente razoabilidade porque os eleitores não são confrontados com alternativas de governanção, mas sim com cenários apocalípticos, cenários do Fim do Mundo. JMN diz é em Santiago Norte há que votar Cabo Verde ou … . Fica nas entrelinhas. Em tais situações quem arvora ter missão histórica e transcendental não tem dúvidas. Só tem certezas. Por isso não se responsabiliza pela falta de resultados no domínio da criação de emprego do emprego que lhe podiam informar que o combate contra a pobreza não está realmente a ser ganho. Não se responsabiliza pela falta de uma base alargada e diversificada de exportações que lhe dá a indicação que o país não está a ser competitivo e que poderá não estar em condições de criar os milhares de postos de trabalho de que precisa a curto e médio prazo. E não se responsabiliza pela fraca qualidade do capital humano que lega ao país e pela delapidação de capital social e de confiança entre os caboverdianos, derivada da insegurança material e física dos últimos anos, que já estão a constituir um travão a qualquer tentativa de arranque. Passa de lado qualquer responsabilidade pelo facto de não existir na sociedade a atitude certa que seria de quebrar o espírito de dependência e de o substituir pelo empreendedorismo e a cultura de serviço indispensáveis no mundo globalizado de hoje. Optou por fazer alarde de obras feitas com base em empréstimos de última hora. Empréstimos subordinados às estratégias de exportação de outros países. Obras ditadas mais pelo expedientismo de natureza politico-partidária do que por um plano estratégico. Ilhas como S.Vicente e Sal perderam oportunidades valiosas com repercussões globais na economia nacional por falta da visão estratégica que saberia definir prioridades e encadear acções com vista a resultados concretos e mensuráveis. A obra vital que seria o estabelecimento de um sistema de produção de energia e agua fiável, eficiente e económico não se concretizou apesar dos milhões que a propanganda diz foram aplicados. Chegar ao fim de uma década com uma economia que, para crescer depende quase unicamente no turismo é uma confissão inequívoca de fracasso. A alta taxa de desemprego e o crescimento raso também apontam nesse sentido. As remessas de emigrantes (mais do valor de um MCA por ano), as doações de países amigos e os empréstimos têm ajudado a mascara a situação real do país. Mas o facto é que o País não tem recursos naturais, não exporta e tem fraco capital humano. Sobrevive-se, e há mesmo algum crescimento, mas os limites são claramente visíveis no quadro deste modelo e revelam-se no nível de desemprego persistente no país. O PAICV claramente que pretende manter esse modelo caduco e por uma razão simples: dá-lhe os instrumentos do Poder sobre a sociedade como ele o entende. Gosta de dependência. Mas hoje é evidente que não só não resulta a curto prazo na criação dos milhares de emprego que o Pais urgentemente precisa como alimenta todos os obstáculos que impedem o país de aproveitar em pleno e em tempo as oportunidades quando elas se apresentam. Como ficou demonstrado nos anos 2006, e 2007.
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