Um engenheiro da Electra é suspenso. Estranha-se que quem faz o anúncio é a Ministra de Turismo e Energia. A governante, em conferência de imprensa , fala de coincidências entre cortes de energia e eventos políticos: “no dia em que um determinado partido ia dar uma conferência de imprensa sobre a situação energética do país, um outro muito recentemente quando decorriam dois importantes eventos políticos no país, um no Gimno Desportivo e outro na Gamboa, bem como o apagão no dia em que o primeiro-ministro ia apresentar o seu livro”. E conclui que os problemas da Electra só podem ser consequência de sabotagem. A ministra como o restante governo do PAICV reclama uma ética de intenções sempre que é confrontada com uma ética de resultados e de responsabilidade: “todo o trabalho que o Governo está a fazer foi para criar uma situação de estabilidade no sector de energia e nada previa crer que estivéssemos a atravessar por essa situação”. Por isso esquiva-se de prestar contas pelos sucessivos anos em que não soube, não quis ou ignorou os problemas graves no sector. Diz que já fez todos os investimentos e todas as infraestruturas e que não se pode atribuir-lhe a culpa por falta de resultados designadamente no emprego, no crescimento da economia, na qualidade de ensino, na saúde, no sistema de transportes inter-ilhas, na luta contra a pobreza, etc,. Como alguém bem disse "quando só intenções contam a ética torna-se inútil. Só serve como método para avaliar os actos dos outros. Deixa de ser um guia para a acção". Aplicado a Cabo Verde significa: o Governo tem boas intenções no que faz. Quem está mal são os que exigem resultados e são maldizentes, sabotadores e antipatriotas. A falta de ética de responsabilidade que se vive em Cabo Verde não é de hoje. Os dirigentes do PAIGC/PAICV sempre proclamaram as suas "gloriosas intenções" de levar Guiné e Cabo Verde à independência. Mas nunca assumiram as consequências dos seus actos em como se traduziram na destruição da Guiné no pós-independência e na falta de liberdade, no atraso e no sofrimento trazido pelo regime de partido único em Cabo Verde. Robert Mugabe e quejandos também vão pela essa ética de intenções e recusam-se a prestar contas. Vêem-se as consequências dessa atitude no Zimbabwe de hoje. Por tudo isso, é de se condenar esta última tentativa do governo de procurar em actos de sabotagem razões para os dez anos da sua má gestão no sector de energia e água. O caso é ainda mais grave porque o país se encontra em pleno período eleitoral. A procura de bodes expiatórios, nestes momentos em que a sociedade se encontra polarizada pelas disputas eleitorais, revela uma irresponsabilidade preocupante pelas consequências trágicas que, ao nível individual, social e político, pode trazer. Mas é mais um acto que se vem juntar aos outros actos belicosos do PAICV, designadamente em relação à CNE e à Câmara da Praia que revelam todo o cinismo e a hipocrisia por detrás dos apelos do PAICV contra a violência eleitoral.
4 comentários:
Compreendo e plenamente aceito que este blogue se centra mais no debate de ideias e não na personalização de pessoas ou factos. Mas permitam-me, desta feita, fazer um aparte: Há muito que perante os falhanços no sector energético que o Governo tem vindo à procura de um bode expiatório. Já tinham tentado e agora, como último recurso, encontraram um. Mas o interessante é esta medíocre Ministra, renitente em perseguições, (veja-se o Caso de Daniel Livramento) aparecer de novo a executar ordens que sabe serem baseadas na perseguição. Sem personalidade e personalizando o que de pior pode haver num Estado que persegue cidadãos que cumprem com o seu dever. Os meios para atingirem os fins pouco lhes importam desde que a nomenklatura permanece no poder. Foi essa a justificação para milhares de fuzilamentos na Guiné Bissau e em Cabo Verde.
Em política, cego não é quem não vê. Em política, cego é quem não quer ver. E pelos vistos há ainda alguns cidadãos deste País que não querem ver o descalabro que foi a política energética deste Governo.Este Governo começou por travar a intervenção modernizadora do parceiro estratégico pós-privatização, recusando reflectir nas tarifas a subida dos combustíveis e levando ao cancelamento do investimento (2001-2003). Depois arranjou um acordo tácito com aquele parceiro estratégico numa lógica de não há tarifas não há investimento (2003-2006). Depois percebendo o seu erro, o Governo transformou o parceiro estratégico no bode expiatório da situação de desinvestimento criada e correu com ele (pagando claro). Depois veio a fase da central nuclear russa para a Praia, com inscrição do País na Agência Internacional de Energia Atómica. Depois veio a fase das renováveis a toda a velocidade sem ter em conta preço nem ajuste à realidade dos diagramas de carga de cada ilha o que nos vai custar caro. Os apagões têm sido uma constante desde 2007 em todas as ilhas.E agora vem a fase do desespero do Governo por perceber que o País tem consciência da não existência de qualquer política energética digna desse nome.
Será que ainda assistiremos a outras SUSPENSÕES, antes do dia 6 de Fevereiro, designadamente na TACV, nos Ministérios da Economia, Educação, Pescas, Agricultura ??...
Sim, porque alguém foi culpado pelos FALHANÇOS DA GOVERNAÇÃO!!! Todos, menos o Governo, o PAICV e muito meno o Primeiro Ministro!!!
Será que vão abrir INSCRIÇÕES, na Casa do Cidadão, para BODES EXPIATÓRIOS?
Afinal, que é o CULPADO pelas promessas incumpridas de JMN?
Quem SABOTOU os 136.000 computadores?
Ninguém está a SALVO desta SENDA CRIMINOSA enveredada pelo PAICV
O tecnico engº nao esta suspenso. Neste momento está a trabalhar na electra em palmarejo mas devido as deconfianças que pairam por aí, ele tem ordens para nao aproximar da central. o pior de tudo, nessa ideia de sabotagem, arranjaram-lhe um processo disciplinar. Foi suspenso sim, mas do sector onde desempenhava a sua actividade como chefe de turno. Agora eu pergunto: como é possivel criar um processo disciplinar a um trabalhador duma empresa sem se provar de que o mesmo tivesse feito algo de errado?
Vamos ver como irá decorrer este imbróglio.
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