Com frequência alarmante verificam-se acidentes de viação quase ao nascer do dia em que são envolvidos jovens saídos de discotecas após uma noite inteira a beber e a dançar. Desses acidentes quase sempre há mortes e feridos graves que deixam sequelas por toda a vida. É claro que o cansaço e o sono resultante de horas seguidas a festejar concorrem para aumentar o risco desses acidentes. E conseguem fazê-lo em grande parte porque há estabelecimentos, bares e discotecas que oferecem esses serviços durante toda a noite. A questão que se coloca é se é realmente vantajoso para as cidades cabo-verdianas que haja bares e discotecas a funcionar sem restrição durante a noite. Será que a actividade turística ou outra atividade económica do país exige ou beneficia com isso? O facto é que isso tem custos: não só porque a partir de certas horas a probabilidade de acidentes aumenta como também para prevenir ou reagir a situações de perturbação da ordem e tranquilidade pública tem que se mobilizar recursos de polícia em número adequado para ser efectivo. Esse problema seria muito menor se houvesse uma hora certa, por exemplo, às três ou quatro da manhã, para o fecho de todos os estabelecimentos de diversão. Toda a gente beneficiaria com isso, designadamente serviços da polícia, hospitais e os próprios pais. É tempo das câmaras municipais e o Estado no âmbito das respectivas competências regularem o funcionamento dos estabelecimentos nocturnos e contribuírem com políticas inteligentes para a prevenção de acidentes e violência nas noites e diminuir custos de manutenção de serviços de atalaia sem que se vislumbre qualquer benefício para a comunidade no seu todo.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 754 de 11 de Maio de 2016.
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