quinta-feira, 12 de Agosto
As Nações Unidas instituíram o dia 12 de Agosto como Dia Internacional da Juventude com o objectivo de mobilizar a energia, imaginação e iniciativa dos jovens para promover melhor compreensão entre gerações, culturas e religiões. Daí o tema adoptado de Diálogo e Entendimento Mútuos. Aqui em Cabo Verde, o Governo resolveu imprimir o seu toque especial ao proposto pelas Nações Unidas. O tema foi logo mudado para Nação Jovem, Unida pelo Diálogo e Entendimento Mútuo. Nesse espírito, voltado para dentro e de centralização de tudo, as comemorações foram abertas pela Ministra da Juventude com a apresentação aos jovens do balanço da actuação governamental no sector da juventude. E, pelo que se viu e se ouviu na comunicação social, foram prosseguidas em todas as ilhas, tendo como pivô os centros de juventudes, que, por sua vez, estão sob a orientação directa da Direcção Geral da Juventude. Chama a atenção na generalidade dessas manifestações a insistência em dirigir os jovens para acções de massa, em os politizar e em os seduzir com entretenimento. Noutros países, como por exemplo Portugal, privilegiou-se na comemoração do Ano Internacional da Juventude reduções e borlas nos bilhetes de transportes públicos, nas entradas nos museus, cinemas, piscinas, monumentos, bibliotecas, etc. A diferença de abordagem mostra como Cabo Verde teima em seguir caminhos iliberais. Nesses países ainda é viva a memória da manipulação ideológica de crianças e jovens pelo Estado e não é admissível acções de governantes ou do Estado que de alguma forma lembram esses tempos. Em Portugal, por exemplo, seria impossível um desfile da Mocidade Portuguesa no Dia da República. Mas em Cabo Verde, onde a memória de manipulação do jovens na JAAC e das crianças nos Pioneiros deveria ser mais fresca, os governantes mostram especial satisfação em manifestações que lembram o regime de partido único. A parada de Pioneiros no dia da Independência é o exemplo mais recente e flagrante dessa atitude. Não espanta pois que, nas suas manigâncias políticas, distorcem as comemorações do Ano Internacional da Juventude.
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