Na entrevista feita pela TCV ao presidente cessante Pedro Pires, a jornalista apresentou um historial dos 50 anos da sua vida política. Bastante pormenorizada no período anterior a independência a biografia do entrevistado torna-se extremamente rarefeito a partir de 1975 que é eleito deputado e nomeado primeiro ministro. Nos quinze anos que se seguem considera-se digno de referência só a sua eleição para o cargo de secretário geral adjunto no congresso fundador do PAICV em Janeiro de 1981 e posteriormente a para secretário-geral no IV congresso em Julho de 1990. No perfil de Aristides Pereira, secretário geral do PAIGC/PAICV e presidente da república até 1990, falecido na semana passada, repete-se o mesmo. Os anos do regime de partido único são simplesmente apagados. Omitem-se as palavras e os actos dos seus principais dirigentes e suprimem-se imagens de todo o período com a excepção das imagens da proclamação da independência. Todos os valores e princípios da república como respeito pela dignidade humana, liberdade e justiça e escolha livre de governo e governantes esbatem-se ou curvam-se perante a proclamada “grandiosidade” do percurso da independência e dos seus actores, sempre contado numa única versão: a versão dos “libertadores”.
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