Segundo o site do Governo, Cabo Verde quer cooperação com Angola no domínio das informações militares, de comunicações e de formação da “nossa polícia militar”, palavras do ministro de Defesa de Cabo Verde. A questão que imediatamente se põe é se a experiência dos militares angolanos em lidar com civis e situações de perturbação da ordem pública é a mais ajustada para Cabo Verde. Certamente que não é. O próprio ministro angolano confessa que ainda se está a reedificar as forças armadas angolanas. Saíram de uma guerra civil há menos de dez anos, desenvolveram-se a partir de uma milícia de um partido, as FAPLA, e não funcionam num quadro constitucional como o de Cabo Verde com órgãos de soberania eleitos democraticamente e com respeito pelos direitos dos cidadãos. Com esse historial e vindo de uma realidade diferente não se vislumbra como poderão ser úteis na preparação da polícia militar caboverdiana. Por outro lado, sabe-se que Angola não se tem inibido de manter presença militar fora do território nacional, designadamente no Congo, em São Tomé, Costa do Marfim e ultimamente na Guiné-Bissau deixando antever as suas pretensões como potência regional. Isso não pode ser ignorado nem tomado de ânimo leve quando se desenvolvem relações de cooperação militar e no domínio da inteligência militar.
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