domingo, outubro 23, 2011

Renováveis. Custos excessivos?

O parque eólico de Santiago foi inaugurado com 11 aerogeradores e potência nominal de 10 megawatts. O investimento total nos parques de Santiago, Boa Vista, Sal e Maio é de 56 milhões de euros, dos quais 45 milhões foram financiados pelo Banco Africano de Desenvolvimento. À pergunta muitas vezes colocada ao governo, porque o parque ficou tão caro relativamente aos custos do que se pratica noutras paragens, nunca houve resposta convincente. De facto, olhando para os gráficos abaixo com os custos comparativos em vários países de instalação de aerogeradores, surpreende verificar como a diferença é tão grande. Mesmo considerando custos médios de 1 milhão e duzentos mil euros por megawatt, os 10 do parque de Santiago ficariam por 12 milhões, muito aquém dos 20 milhões investidos. Os caboverdianos porém já se habituaram às técnicas negociais deste governo. No ano eleitoral de 2010 investiu, com linha de crédito de Portugal, 30 milhões de euros em centrais fotovoltaicas na ilha do Sal e em Santiago num total de 7 megawatts. As duas centrais diesel que constituíam o back up do sistema foram depois entregues à Electra num processo duvidoso de aumento de capital social da empresa. Não se ouviu falar mais das fotovoltaicais, aparentemente a braços com a poeira acumulada que lhes retira eficiência, mesmo nos momentos de aperto no fornecimento de energia que a cidade da Praia enfrenta. Para o Governo até parece que o moto é: “ foi inaugurado, fez-se a propaganda devida e agora é passar à frente, para um outro projecto”. Não se sente um olhar ponderado sobre os custos no momento, uma preocupação com os resultados deficientes atingidos e apreensão pelo peso futuro derivado do pagamento dos juros e da devolução por completo do capital emprestado. Concentra-se nos benefícios à cabeça: a imagem, a gestão das expectativas das pessoas, os ganhos político-eleitorais. Entretanto, os consumidores e as empresas a pagar quase trinta escudos por KWH ficam à espera que com a promessa das renováveis se regularize o fornecimento de energia e que o preço caia para níveis que favoreça a competitividade nacional e traga maiores poupanças às famílias.

Table 1.1: Estrutura de custos de aerogerador de 2 MW instalado na Europe (year 2006 €)

Investment(€1,000/MW)

Share(per cent)

Aerogerador

928

75.6

Alicerces

80

6.5

Installação eléctrica

18

1.5

Ligação à rede

109

8.9

Sistemas de controlo

4

0.3

Consultadoria

15

1.2

Terrenos

48

3.9

Custos financeiros

15

1.2

Estradas

11

0.9

Total

1,227

100

Source: Cálculos baseados em dados selecionados de instalação de aerogeradores eruropeus



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