José
Maria Neves, nos seus últimos meses de mandato como primeiro-ministro, ainda
repete o discurso da necessidade de consenso na celebração do 13 de Janeiro e
do 20 de Janeiro. Primeiro, tem que se fazer uma distinção. Normalmente, pelo
13 de Janeiro o governo faz um gesto simbólico, como aconteceu este ano com uma
palestra sobre diáspora e democratização. O 20 de Janeiro, pelo contrário,
comemora-se com vários eventos: deposição de flores pelo Presidente da
República, desfiles de tropas e outras cerimónias. Não há pois comparação
possível. Há um boicote activo do Dia da Liberdade e Democracia, um feriado
nacional criado por lei da Assembleia Nacional. Paradoxalmente, a AN é a única
instituição que se nega a celebrar o dia das primeiras eleições livres e
plurais no país, o dia que está na sua origem enquanto instituição da II República. E é
assim porque a maioria parlamentar do PAICV, sob comando do seu presidente JMN,
nunca aceitou qualquer proposta para comemorar com dignidade de Estado o seu
dia. Como se há-de classificar este simultâneo dizer e desdizer? E ainda se
interroga sobre as razões da crispação política no país.
Publicado no jornal Expresso das Ilhas de 20 de Janeiro de 2016
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