A liderança do MpD
coloca José Luís Livramento no 6º lugar na lista de candidatos a deputado em
Santiago Sul. Desconhecem-se as razões políticas que poderão estar por trás
desta decisão, mas certamente que não foi por causa da sondagem. Não foi
sondado. Ficou logo à partida isento. O grande risco que se corre é do PAICV se
sentir ainda mais motivado para trazer à baila acusações passadas
quando Cabo Verde precisa discutir as grandes questões de hoje, de como sair da
actual estagnação económica, voltar a crescer e criar emprego e uma nova esperança
para as suas gentes. A experiência dos últimos dez anos na Assembleia Nacional
mostra como nos debates parlamentares o PAICV soube inibir o discurso do MpD,
com referência explícita a críticas violentas dirigidas ao governo dos anos
noventa feitas por personalidades que recentemente voltaram a integrar a sua
bancada. O resultado foi o MpD calar-se, deixar o PAICV desconstruir o seu
legado histórico de edificação da democracia e do Estado de Direito e o seu
papel central no desbloqueamento da economia, que permitiu o país crescer a
taxas superiores a 6% durante anos seguidos. Após quinze anos de governo do
PAICV esperava-se que o seu desgaste político fosse muito maior. Mas não é o
que seria normal porque tem sabido manter a sua narrativa do país enquanto o
MpD se calava ou se contradizia. O PAICV pode estar a perder a guerra política,
mas não é seguro que perca a guerra ideológica quando o MpD se põe a jeito para
ser atacado e apontado como incoerente. E sem vencer nessa frente, qualquer
vitória pode revelar-se uma vitória de Pirro.
Publicado no Jornal Expresso das Ilhas de 20 de Janeiro de 2016
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